Diário de Bordo

Registraremos neste blog relatos diários da Profa Suely Avellar a bordo do NasH Dr. Montenegro, navegando pelo Rio Purus. Boa viagem, Suely!

Desde 1997, o acervo do Projeto Portinari tem servido
como ferramenta para um amplo programa de arte e educação, que já atingiu mais de 500 mil pessoas em todos os estados brasileiros. Para Portinari, o pincel era uma arma a serviço da não violência, da justiça social, da cidadania, da liberdade, do espírito comunitário e da fraternidade. São estes os valores que pulsam na sua obra e que o Projeto Portinari tem levado às crianças e aos jovens de todo o país.

20 de novembro


A lancha sendo carregada com o material para o atendimento. O Sargento Jean, nosso condutor e o Sargento enfermeiro Costa Rocha já estão nos esperando para o embarque.

Chegamos com a lancha junto a uma senhora que lavava roupa sentada sobre uma prancha larga, na beira do local onde deveria ser comunidade de Fortaleza. O Sargento Jean pergunta para a senhora qual o nome daquela comunidade e ela responde que é Fortaleza, mas que a escola está mesmo na próxima comunidade – Repouso – que está distante cerca de 15 minutos dali. A lancha prossegue até esta comunidade, que fica em cima do barranco. Não há casas flutuantes,como em algumas comunidades. A subida até as casas, como sempre, é aquele sacrifício!

A subida do barranco. Notem que as canoas já estão chegando e atracam no mesmo local da nossa lancha.

O nome da comunidade está escrito na cruz, que também sinaliza a religiosidade dos habitantes.

Logo que a lancha nos deixa aí, o Sargento Jean, sai para avisar aos ribeirinhos das comunidades próximas que os médicos e dentistas da Marinha estarão atendendo na escola de Repouso, e traz alguns que não têm como chegar até o local do atendimento.

Vão surgindo as canoinhas – muitas delas dirigidas pelas crianças. É muito comum a gente ver um menino ou menina de cerca de 7 ou 8 anos conduzindo a canoa, trazendo a mãe com o bebê de colo e outras crianças. O que eles não podem perder é a passagem dos médicos pela localidade, pois possivelmente só terão outra oportunidade de se consultarem no próximo ano.

A escola tem um professor e é bem cuidada. Os médicos e dentistas arrumam os seus espaços de atendimento dentro da sala de aula e na varanda da escola e me é oferecida a sala da casa de uma senhora, ao lado da escola. Isso é muito comum aqui - a hospitalidade. Eles têm sempre prazer em receber a equipe da Marinha em suas casas tão humildes e se sentem importantes quando podem tê-los em casa.

Esta senhora “está lá pra cidade cuidando de seus interesses” conforme me diz o professor e os 3 filhos, já adultos, me conduzem até a sua casa, ajudando a carregar o meu material.

O professor lê a revista Educação em Linha, da Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro.

O professor retira da sacola cada um dos livros que lhe oferecemos enquanto eu vou lhe explicando o que trago para ele.

Sempre pergunto qual a crença religiosa dos moradores de cada comunidade e nesta eles me respondem que são todos católicos, mas noto que a comunidade não tem nenhuma igreja, ao que o professor me diz que esta sala grande, onde estão me colocando, funciona como local onde o padre, que vem uma vez por mês, rezar a missa para a comunidade. Observo que no alto das paredes de madeira estão as imagens, impressas, de vários santos – São Cosme e São Damião, Santo Antonio, São Francisco, Nossa Senhora do Carmo e Nossa Senhora Aparecida.

As crianças são bastante interessadas e participantes e, ouvem com atenção as histórias de Candinho, para em seguida começarem a desenhar e pintar. As tintas, que são sempre novidade para elas, são o sucesso do momento. Eles querem pintar o tempo todo e eu aviso que ao final da escolinha de arte deixarei as tintas e alguns pincéis para eles continuarem a pintar.



A menina mostra o seu trabalho. Ao fundo as pranchas com as reproduções dos quadros, enfileiradas sobre um banco da casa.


Todos gostam de mostrar o que fizeram.

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