Diário de Bordo

Registraremos neste blog relatos diários da Profa Suely Avellar a bordo do NasH Dr. Montenegro, navegando pelo Rio Purus. Boa viagem, Suely!

Desde 1997, o acervo do Projeto Portinari tem servido
como ferramenta para um amplo programa de arte e educação, que já atingiu mais de 500 mil pessoas em todos os estados brasileiros. Para Portinari, o pincel era uma arma a serviço da não violência, da justiça social, da cidadania, da liberdade, do espírito comunitário e da fraternidade. São estes os valores que pulsam na sua obra e que o Projeto Portinari tem levado às crianças e aos jovens de todo o país.

13 de novembro (manhã)

Olá amigos!
Mais notícias da viagem.

Elas chegam atrasadas para vocês por que só consigo enviá-las quando estamos com o navio abarrancado, com acesso à internet.

Saímos como de costume às 8 horas, na lancha Pirarara, para o atendimento a mais uma das comunidades ribeirinhas, a Comunidade de Beabá. Esta comunidade é bem maior do que a da Praia Caparanã. Tem 30 casas, a escola, a igrejinha e um galpão grande, onde será realizado o atendimento.

Para alcançarmos as casas que ficam em terra firme é necessário escalar o barranco, que tem uma espécie de escada de troncos não muito firmes. A subida é bastante íngreme e os enfermeiros despendem um esforço enorme para conseguir levar as caixas com os medicamentos, as vacinas e os aparelhos para o atendimento da população. Esses rapazes são tão conscientes da importância do que estão fazendo para essas populações ribeirinhas, que sobem esses barrancos com as caixas cheias de medicamentos nas costas, com a maior boa vontade. Vejam nas fotos o esforço dos nossos valorosos companheiros!

O atendimento foi feito em um grande galpão, local de reunião e lazer dos ribeirinhos.

A comunidade tem muitas crianças, que vão logo se juntando a mim no fundo o galpão. O interesse das crianças e dos jovens pelas atividades de arte é grande. Procuro o professor para conversarmos um pouco sobre o seu trabalho com os alunos. São muitas as queixas – a falta de material didático, as turmas multi-seriadas, a falta da merenda, o salário que além de baixo está sempre atrasado.

Entre as crianças há um clima de amizade e companheirismo. Enquanto desenham e pintam, conversam muito. Um menino de dez anos se destaca, desenhando, com muita facilidade um barco que se assemelha ao NasH Montenegro. Ozimar Amaral é o seu nome. Ele é muito esperto e fala com desenvoltura sobre o seu prazer de desenhar. As dentistas se aproximam das crianças que estão comigo e também se surpreendem com a facilidade do menino desenhar. A Tenente dentista Danielle pergunta como ele aprendeu a desenhar desta maneira e ele conta que é o irmão mais velho, que também desenha, que o incentiva.

Convido Ozimar para posar com o seu desenho do lado de fora do galpão, com a paisagem do rio no fundo. A Tenente Danielle lhe pergunta se, quando crescer, ele quer comandar um navio como aquele e ele responde prontamente que não, que quer ser artista. Neste momento eu imagino se este menino ribeirinho terá a mesma sorte de Candinho, o menino de Brodosqui...Deus o ajude que sim!

A assistência dura todo o período da manhã e só depois que todas as pessoas foram atendidas é que a equipe recolhe o material, para enfrentar mais uma vez o barranco e embarcar na lancha de volta ao navio. Só dá tempo para chegar, tomar um banho, almoçar e em seguida voltar para a lancha, para o atendimento da tarde, que já contarei para vocês.

O Cabo enfermeiro Costa Rocha vacinando uma jovem.

Missão cumprida, os enfermeiros Costa Rocha e Wesley recolhem o material e agora ...é barranco abaixo até a lancha!

De volta ao navio. Dr.Dias e enfermeiros Ferro e Wesley.


Tenente Dr.Porto e Tenente dentista Uryana.

Até breve!

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