Diário de Bordo

Registraremos neste blog relatos diários da Profa Suely Avellar a bordo do NasH Dr. Montenegro, navegando pelo Rio Purus. Boa viagem, Suely!

Desde 1997, o acervo do Projeto Portinari tem servido
como ferramenta para um amplo programa de arte e educação, que já atingiu mais de 500 mil pessoas em todos os estados brasileiros. Para Portinari, o pincel era uma arma a serviço da não violência, da justiça social, da cidadania, da liberdade, do espírito comunitário e da fraternidade. São estes os valores que pulsam na sua obra e que o Projeto Portinari tem levado às crianças e aos jovens de todo o país.

16 de novembro (manhã)

Hoje é segunda-feira. Re iniciamos o atendimento, após o descanso do fim de semana, em que passamos abarrancados no município de Tapauá. Todas as comunidades que visitamos estão ligadas a Tapauá e deveriam receber assistência desta prefeitura, que já está no terceiro prefeito desde a última eleição. O prefeito eleito foi cassado por improbidade, o seu substituto também e agora acabou de assumir o presidente da Câmara de Vereadores. Com isto as populações ribeirinhas ligadas a Tapauá sofrem com a falta do diesel que alimenta os geradores, com a falta da merenda escolar, com a falta de medicamentos de emergência. Eles contam somente com a assistência dos ”navios da esperança”, no momento com a ASSHOP desta Comissão do NasH Dr.Montenegro.

Chegamos à comunidade às 9 horas da manhã. O barranco não era muito íngreme o que facilitou a condução do material para o topo do barranco.

O atendimento foi realizado na igreja evangélica e eu montei o meu material em baixo de uma árvore pois era o local mais próximo da igreja. Sempre procuramos colocar as atividades de arte próximas do local em que os médicos e dentistas estão fazendo o atendimento, pois a proposta é oferecermos as atividades lúdicas enquanto as crianças esperam a vez de se consultarem.

As crianças brincam com Cocó e Mimi, os dois fantoches feitos de garrafa pet, que eu trouxe e mostro para as professoras como podem ajudar a natureza transformando as pets em brinquedos.

Quando chegamos a Tapauá, recebi as caixas com os livros para doação aos professores, o bauzinho do pintor e as pranchas com as imagens dos quadros e assim já pude entregar à professora Dora uma sacola com livros sobre Portinari, a revista Escritor, a revista Educação em Linha , da Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro, etc. Pedi à professora para me levar até a escola e vi que as carteiras eram todas novas, de madeira, bastante sólidas e de muito boa qualidade. Fiz esta observação e a professora me contou que aquelas carteiras foram trocadas por votos para o prefeito. Pasmem!!!. Em seguida gravei a professora com suas queixas, que eu noto que são sempre as mesmas dos outros professores das comunidades ligadas a Tapauá. O mais desalentador é a falta de esperança desses ribeirinhos de que um dia possa vir um prefeito honesto que os ajude nas necessidades básicas para uma sobrevivência digna de um ser humano.

A professora Dora e alguns de seus alunos.

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