Diário de Bordo

Registraremos neste blog relatos diários da Profa Suely Avellar a bordo do NasH Dr. Montenegro, navegando pelo Rio Purus. Boa viagem, Suely!

Desde 1997, o acervo do Projeto Portinari tem servido
como ferramenta para um amplo programa de arte e educação, que já atingiu mais de 500 mil pessoas em todos os estados brasileiros. Para Portinari, o pincel era uma arma a serviço da não violência, da justiça social, da cidadania, da liberdade, do espírito comunitário e da fraternidade. São estes os valores que pulsam na sua obra e que o Projeto Portinari tem levado às crianças e aos jovens de todo o país.

Equipe Médica: anjos do Navio da Esperança


Olá amigos que estão acompanhando esta minha linda experiência pelo Purus, no NasH Dr.Montenegro!

Os três navios que fazem o atendimento médico às populações ribeirinhas da Amazônia – Carlos Chagas, Oswaldo Cruz e Dr.Montenegro – são conhecidos como Navios da Esperança, pois são muitas vezes a única esperança de sobrevivência das pessoas enfermas nesta região. A gente só consegue mesmo entender este título quando embarca em um deles e assiste o trabalho dessas pessoas, como eu estou tendo o privilégio neste momento.

A equipe médica é composta de 5 médicos, 4 dentistas e um farmacêutico. São todos jovens recém formados. O Tenente Dr. Porto me explicou que as Forças Armadas, visitam as faculdades públicas de Medicina, Odontologia, Farmácia e Veterinária e fazem palestras para os alunos do sexto ano, convidando-os para o ingresso nos Corpos Médicos da Marinha, da Aeronáutica e do Exército. No caso da Marinha, são escolhidos os voluntários que conseguem os melhores resultados na prova comprobatória de competência e que possuem os melhores currículos. Os profissionais que escolhem servir em Manaus, fazem um curso de adaptação para a Marinha, no Batalhão de Operações Ribeirinhas durante 1 mês, como Guardas-Marinha. Após este período recebem a patente de 2º Tenente e os que desejarem renovar o contrato vão a 1º. Tenente. Podem permanecer na Marinha nesta condição durante 8 anos e após este período, se desejarem, prestam concurso para o ingresso permanente.

Os enfermeiros descendo o barranco carregando a canastra.

Estou-lhes detalhando este processo de ingresso para que possam compreender melhor o trabalho da equipe que participa desta Comissão.

O grupo é formado pelos seguintes profissionais:

2º. Tenente Dr.Raphael Porto (médico de bordo)

2º. Tenente Dr. Gabriel Picarelli

2º. Tenente Dr. Kurt Schmitz

2º. Tenente Dr. Cassius Martins

2º. Tenente Dr. Leandro Dias

1º. Tenente Dentista Daniel Abtibol

1ª. Tenente Dentista Danielle Dalmasio

1ª. Tenente Dentista Loane

1ª. Tenente Dentista Uryane

Dra. Uryana dando uma atenção especial à velhinha.

No caso dos enfermeiros, já é diferente, pois eles já pertencem à Marinha. São pessoas fantásticas! Também fazem parte do grupo de anjos da guarda. Dão todo o suporte aos médicos e dentistas e cuidam da vacinação. Quando chegam junto às crianças, as seguram no colo, tratando-as com carinho. Este grupo é composto por:

3º. Sargento EF Magnus ( supervisor da Divisão de Saúde)

2º. Sargento FN EF Ferro

3º. Sargento FN EF Devanil

Cabo EF Wesley

Cabo EF Luciano Costa Rocha

Cabo EF Cláudio

O Sargento Magnus também faz as palestras sobre escovação dos dentes para as crianças, nas escolas. Nunca vi coisa mais didática e divertida ao mesmo tempo ! Ele consegue que a garotada preste atenção e interaja com ele o tempo todo. O magistério está perdendo um grande professor...

O Sargento Ferro é especialista em bebês! Em cada comunidade que chega já vai logo pegando um bebê no colo. O mais incrível é que essas crianças nunca o viram e não estranham aquele “cara” vestido de roupa estranha. Seus lindos olhos verdes e o sorriso amigo são as portas abertas para esta aceitação imediata.

O Sargento Devanil é grandão e chega sempre brincando com a criançada. Cada criança que recebe a dose da vacina ganha um balão de ar, branco, onde o Sargento se encarrega logo de desenhar uma cara divertida. As crianças adoram!

O Cabo Costa Rocha tem um cuidado enorme com a caixa climatizada das vacinas. Sai da lancha carregando-a com atenção para que a temperatura esteja sempre mantida corretamente. Ele confere com as mães as cadernetas de vacinação e aplica as doses quando necessárias. Uma particularidade do Costa Rocha é que ele faz o percurso dentro da lancha, sempre lendo um livro. Quando iniciamos a viagem ele lia “ Homens fazem sexo, mulheres fazem amor” e agora está lendo “ O caçador de pipas”.

O Cabo Wesley é caladão e eficiente. Dá um suporte grande às dentistas, ajudando no atendimento às crianças . O Cabo Cláudio sempre vai na lancha Candiru e eu não tive oportunidade de ver a sua atuação, mas tenho certeza que é tão boa quanto a do resto da equipe, pois afinal de contas ele faz parte do grupo de “ anjos da guarda” !

É com este grupo de “anjos da guarda dos ribeirinhos” que eu tenho o prazer de sair diariamente na lancha, acompanhando-os com as atividades artísticas da “Escolinha de Arte do Candinho”, nas comunidades.

Vocês não podem imaginar como é gratificante observar o cuidado que esses jovens têm com cada uma dessas pessoas humildes a quem atendem. Eles escutam as queixas dos velhinhos e velhinhas com muita atenção, conversam com as mães sobre os cuidados com as crianças, falam para os jovens a atenção que deve merecer o sexo com preservativo e assim vão de comunidade em comunidade se doando, mostrando como deve ser praticado o verdadeiro amor ao próximo. É uma juventude que nos dá orgulho!

Costumo chamar as dentistas de “ fadinhas”. Elas conseguem realizar os procedimentos necessários a cada uma das pessoas com mãos de seda, mãos de fadas. As crianças saem do atendimento e se sentam no chão , junto do grupinho para continuar a pintar, como se nada tivesse acontecido. A delicadeza das dentistas e o carinho com as crianças ajuda a sarar mais depressa!

Dentro do navio fica o farmacêutico, Tenente Cavalcanti, sempre alerta para a demanda de exames solicitados pelos doutores que estão atendendo na comunidade. A pessoa que necessita fazer algum exame laboratorial é conduzida de lancha até o navio, atendida pelo tenente Cavalcanti e fica aguardando até o exame ficar pronto e ser conduzida de volta à comunidade para que o médico diagnostique com segurança.

No final do dia todos voltam para o navio, exaustos, mais muito felizes por terem prestado este serviço humanitário a essa população tão desrespeitada por nossas autoridades. As conversas na praça d´armas ( é o nome que se dá na Marinha para o refeitório/sala de estar do navio) são sempre contando, com entusiasmo; os casos mais complicados que conseguiram atender e o quanto eles aliviaram as pessoas. É enriquecedor para qualquer pessoa assistir essa moçada conversando!

Como é bom a gente saber que ainda há gente que pensa nos humildes!!

8 comentários:

  1. Lindo trabalho que fazem, parabéns !

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  2. Um trabalho realmente muito emocionante!...parabéns!

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  3. Que maravilha de trabalho! Parabéns!
    Como diz o poeta Ferreira Gullar, "A arte existe porque a vida não basta". Juntar arte com saúde é uma mistura potente, já que arte é vida!

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  4. realmente viver td isso de perto eh inesquecível, vivi essa oportunidade de 05jan11 ate 01nov13, marcou minha vida!! Bravo Zulu ao Tracaja do Jurua!!

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  5. Fabuloso. Eu adoraria contribuir como Terapeuta Ocupacional

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  6. Olá minha gente,meus parabéns! Eu sou técnico de Enfermagem com 20 de experiência e 10 anos como voluntário em atendimento a pacientes portadores do vírus HIV.Eu gostaria de ser voluntário com vocês,o meu e-mail é baeta2511@gmail.com

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  7. Lindo o trabalho de vcs que não conta com recursos público, porém fazem um trabalho digno de elogios e de reconhecimento. Parabéns e gostaria de poder participar mesmo sem conhecimento na área de saúde.

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  8. Lindo o trabalho de vcs que não conta com recursos público, porém fazem um trabalho digno de elogios e de reconhecimento. Parabéns e gostaria de poder participar mesmo sem conhecimento na área de saúde.

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