Comandante Gleiber

O Capitão de Corveta Gleiber é um gentleman! Sua presença é marcante neste navio e podemos sentir em toda a tripulação a personalidade do comandante. Ele passa aos seus comandados a sua maneira de ser e são todos simpáticos, bem educados, gentis. Aqui se trabalha com garra, boa vontade, mas sobre tudo com amor!

Aí está o nosso Comandante acompanhando a mãe e bebê serem colocados na lancha que os levaria de volta à comunidade, após o atendimento de emergência no navio.

Desde o primeiro dia da viagem tenho a honra - a convite do Comandante - de fazer todas as refeições sentada à mesa, do seu lado direito, em frente ao Imediato, Tenente Geizon. A conversa é interessante, sobre assuntos que variam entre cultura, fatos da atualidade e muitas recordações da nossa querida Escola Naval. O Comandante saiu Guarda-Marinha em 1994, uma das melhores turmas de aspirantes que a Escola já teve! Uma turma que deixou saudades nos velhos professores da escola, como eu, até hoje. Jovens estudiosos e muito conscientes do seu papel como futuros oficiais, servindo a sua Pátria, com amor e zelo. E eu sinto todo o tempo neste navio que a chama do jovem aspirante continua acesa no Comandante!

Quando o navio está abarrancado o atendimento é feito dentro dele, nas excelentes salas de consulta e nos gabinetes dentários. O comandante está sempre por perto, dando atenção e carinho aos velhinhos, que ele faz questão de perguntar os nomes e chama-los, na vez do atendimento de cada um. Atento a tudo, ele não para um só instante. Dá uma atenção especial às mães, perguntando pela saúde dos filhos, interessando-se para que todos tenham um atendimento da melhor qualidade.

Comandante Gleiber conversando com um velhinho que esperava a vez para se consultar.

Quando estávamos abarrancados no município de Tapauá, o Secretário de Saúde veio ao navio, a convite do Comandante e pediu-lhe que, se possível, fossem à comunidade de Nova Tapauá, que estava sem receber atendimento medico e dentário através do município. O Comandante atendeu prontamente à solicitação do Secretário e na volta o navio abarrancou em Nova Tapauá e foram atendidos mais de 200 moradores.

À mesa, durante as refeições, é o momento do comandante perguntar a cada um dos médicos e dentistas como foi o dia, inclusive a mim, também. Ele gosta de saber sempre, como se portaram as crianças na hora das atividades de arte, o que elas dizem, como é o interesse pela pintura, pelas histórias de Candinho etc.

Em Lábrea, o Comandante soube que havia um grupo de jovens que cursavam a faculdade de artes, à distância, e fez questão de recebê-los para uma visita guiada à exposição O Brasil de Portinari. Junto comigo ele percorreu a exposição, dando uma atenção especial aos estudantes.

Neste dia de Nova Tapauá, nossos queridos jovens doutores estavam felizes de terem podido atender a tantas pessoas, inclusive a casos mais sérios, necessitando de um cuidado especial e aí o Comandante me disse que além dos moradores de Nova Tapauá, ele enviou a lancha às comunidades mais próximas para trazer ao navio pessoas que também necessitassem de consulta médica e que não teriam como se locomover até nós. Eu argumentei que já eram tantas os moradores daquela localidade, e ele me respondeu que não teria saído dali com a consciência tranqüila, sabendo que havia mais gente precisando de atendimento e que a confiança naqueles jovens doutores é tanta que ele sabia que todos podiam dar conta com sucesso. O amor, o desvelo, o cuidado com os ribeirinhos sempre em primeiro lugar. É esse o nosso comandante!