Macapá é uma comunidade pequena com algumas casas no topo do barranco e outras nos flutuantes. Ela não estava incluída no roteiro do navio, mas quando descíamos o rio, o comandante viu um flutuante com a faixa da Marinha e achou curioso aquela faixa naquele lugar. Fundeou o navio mais adiante e mandou a lancha com um sargento para investigar e o sargento trouxe de volta o pedido do líder da comunidade, que tendo visto o navio de longe, resolveu amarrar a faixa que tinha sido esquecida lá pelo NasH Oswaldo Cruz em 2008, para chamar a atenção e assim ter o atendimento do nosso navio. O comandante prontamente atendeu o pedido, continuou fundeado e a equipe partiu imediatamente na lancha para atendê-los.
O líder comunitário era um senhor falante e foi logo se prontificando a ajeitar o melhor possível o espaço dos médicos, que se colocaram na sala de aula da escola e eu fui convidada por este senhor a levar as crianças para a casa da família dele. A sala era muito pequena, mas bem arrumadinha, com sofá, estante e televisão. Achei melhor ficar na varanda para não desarrumar a casa deles.
As crianças eram muito vivas, sem inibição alguma, falantes e rapidamente foram pegando o material que eu trazia comigo e desenhando e pintando com a maior desenvoltura. É interessante notar que embora todas as crianças gostem das atividades que eu trago, em algumas comunidades elas parecem mais familiarizadas com o material e se põe logo a pintar. Não sei se isso acontece aleatoriamente, ou se são estimuladas pelos professores. Todos os professores me dizem que artes é uma das disciplinas do curriculum e eu vejo em quase todas as escolas em que estivemos a tradicional cordinha com os desenhos das crianças pregados, mas são trabalhos sem nenhuma criatividade. Os professores ainda reproduzem figuras padronizadas de personagens de desenho animado para as crianças apenas colorirem. É uma pena matarem a criatividade das crianças, pois quando lhes dou o papel e as deixo bem à vontade, criam coisas lindas!
Logo surgiu um jovenzinho com o violão e eu pedi que ele tocasse alguma música para eu cantar com as crianças , mas ele respondeu que só sabia cantar as músicas da igreja. Ficou todo o tempo sentando na grade de madeira da varanda, dedilhando o violão.

Os professores nesta comunidade são dois rapazes, bastante simpáticos e logo vieram conversar comigo. Entreguei-lhes o material, explicando o que lhes estava trazendo e os dois agradeceram muito, dizendo o mesmo que todos os outros já haviam dito sobre as dificuldades dos professores ribeirinhos.


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